domingo, janeiro 08, 2017

Termino um livro na janela. Na frase final, uma interrogação. Será ele o jovem envelhecido? Não me toca. Não me convém.
Encaro as pessoas que caminham despercebidas pela rua. São 11 da noite. Assobios se conversam de janela em janela. As pessoas abaixo de nós se cruzam. Cruzaram-se também os olhos? Ao menos de medo, de curiosidade, de acaso? Olhos estes que podiam habitar qualquer rosto. Me pergunto o que eles veem. Se questionam dos assobios? Com meu pouco mais de um quarto de século, poderia pensar na pergunta do livro. Seria eu uma jovem envelhecida?Mas não, não carrego em mim a poesia de Bolaño. Volto a pensar nos olhos. Me fixo na ideia dessas pessoas, tão iguais aqui de cima, sequer se olhando lá embaixo. Quero gritar mas os assobios, que loucura, conversam tão alto entre si, que minha voz sumiria. Por dentro, peço para que se vejam, rezo para que tenham se encarado. Nunca se sabe o que guarda. Nunca sabe quem lhes guarda. Estou aqui, penso alto dentro de mim. Vejo vocês e só desejo que se vejam. Logo é meu aniversário, tenho direito a um pedido, não tenho?
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fica o que não se escreve.