domingo, junho 22, 2014

Voltar pra cá é sempre terapêutico e destrutivo. São oito anos de desconsolo, relacionamentos fodidos e lágrimas já secas que insistem deixaram suas marcas entre cada pontuação. E como já diz o ditado, o bom filho à casa sempre retorna. No meu caso, sempre nos piores momentos. 'Muro das lamentações', alguém no passado chamou isso aqui. 'Você nunca escreve nada feliz'. Me senti como uma católica de conveniência, que só vai à igreja quando tem algo a pedir e nunca para agradecer. Eu tentei, confesso que tentei voltar antes, mas me via ocupada demais sendo feliz. Com uns tropeços nesse caminho, algumas visitas caladas e só de relembro, mas sem vontade de me confessar. Mas hoje, nesse domingo frio e chuvoso (ai, os clichés...), retorno com olhos inchados e o peito cheio de uma humilhação que atravessa minha carne.
Pensei em escrever uma carta. Depois um conto, uma lista, em simplesmente descrever meus momentos favoritos mesclados, obviamente, com os piores. E aí vem aquela dúvida, é 'você' ou é 'ele'? E eis aqui um ponto importante, falar para você ou falar de você. Tudo muda. A intenção, o tom e as verdades, tão temidas e escondidas. Essa é, talvez, a primeira vez que tenho pânico do que posso dizer. Mesmo agora, quando eu sei que tudo já está perdido, eu ainda tenho medo de dizer o que realmente preciso dizer de você. Sob essa misticidade que me prende, esses olhos que eu nunca me permito encarar. A sensibilidade a flor da pele, muitas vezes egoísta à qualquer outra, mas que também faz dele um ser cru, e, paradoxalmente, cativante.  Mas o que eu mais tenho pra dizer é para você. Que te quero, e que por teimosia, provavelmente sempre vou querer. E eu me debati, busquei em mil companhias uma maneira de ocupar esse espaço gigante que você criou. Que tudo em você me dói. Suas alegrias, quando não são compartilhadas, sua tristeza, quando não posso ajudá-lo, e, principalmente, sua incompreensão, mesmo quando tento te explicar.


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fica o que não se escreve.