quarta-feira, novembro 27, 2013

Procuro refúgio todos os dias. Assim que acordo, na rotina exaustiva, com longas caminhadas, música alta, palavras vazias, pratos balanceados. Procuro refúgio dentro do meu quarto, no cigarro matinal/pós almoço/intervalo de pensamentos/cura de tédio da espera, tudo isso ao som da playlist mais triste do ano. Procuro refúgio nas pessoas que me cercam, mesmo nas quem não tem nada a dizer. Mas principalmente naquelas que se tornaram minha casa e talvez entendam toda situação, enquanto eu ainda me cego. E sempre, sempre procuro nos livros, nos favoritos que eu tentei tão loucamente te justificar minha devoção, e você não entendeu. Você não me entende. Me pergunto se sequer me escuta. E esta tua incompreensão me fez duvidar. Logo eu, tão confiante que nunca duvidei de mim. Reli diversos textos meus e tantos outros que me serviram de guia. Você destruiu a arte em mim. Fez-me acreditar que era pouco e isto está me matando, um pouco mais a cada dia.
(...)

Sonhei essa noite que explodia a cozinha. Sabia que o gás estava ligado, mas não sabia como desligá-lo. Eu me afastei e anunciei a todos ‘vai explodir, vai explodir, cuidado!’. Todos se afastaram, esperei a morte ali, a e explosão veio. Intensa, concentrada, quase sem ruído. A cozinha ficou lá, inteira, o fogo era pouco, um pouco pelo teto, alguns respingos de vermelho no chão, mas a grande parte era só fuligem. E então me disseram: ‘Bem, dá pra limpar ainda. Vai lá, Ana, o trabalho é seu’.
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fica o que não se escreve.