Da série: e-mails que nunca vou enviar. [1/2]
Eu quis falar contigo
hoje. Não que eu te conheça bem ou que você seja lá a pessoa mais compreensiva.
Mas hoje, especialmente hoje, eu pensei muito em você e em toda aquela
sinceridade que compartilhamos da última vez que nos falamos. Ou, sendo mais
sincera, segunda e última vez que nos falamos. Convenhamos, que, em nosso
primeiro encontro, perdemos completamente o foco. Eu até te olhava e sorria,
não tímida, como sempre sou inicialmente, mas também não confiante. Confesso
que via em você uma pessoa menor do que você de fato é, e peço desculpas por
isso agora. Fico me perguntando se você me prejulgou também. Pensando nisso agora,
pergunto se você sequer me notou daquela vez. Notar de verdade, olhar de cima a
baixo e ocupar sua mente e criatividade pelo tempo que lhe é necessário para
julgar caráter. Caráter e outras coisas mais. Talvez esse seja meu maior medo:
não ser notada. Pro melhor ou pro pior. Odeio o vazio, odeio não existir. Às
vezes penso que esse meu desejo em viajar o mundo não é para que eu possa ver
tudo que meus olhos e tato possam me mostrar, e sim, para que o mundo me veja.
Preciso desesperadamente provar minha existência.