domingo, novembro 23, 2008
Eu não me esqueci nem um momento quem eu escolhi. Eu seria capaz de me entregar inteira, gemer de tesão, sem jamais esquecer da minha escolha. Sem dor, sem ciúmes, de ambas partes. Eu voltaria, ainda suja do amor alheio e lhe beijaria a boca, perguntando como foi o seu dia e se sentiu saudades. Você, sem suspeitar da minha conduta, me pegaria nos braços e reclamaria do trânsito e do chefe, fazendo juras, de como seria melhor o amanhã. Não duvidaria do meu amor em momento sequer, porque do amor não se dúvida. Me ajudaria a tirar os sapatos, os mesmos sapatos que o outro fez questão de amarrar aos meus pés e questionaria se as dívidas foram pagas, se a vizinha chata continuava interfonando todas as manhãs pra reclamar da água que caia em excesso das plantas. Ligaria o som, que se espalharia rapidamente pelo apartamento minúsculo, que de tão nosso, fez de sua reverberação nossas próprias vozes. Ouviríamos dançantes, você na cozinha, eu no banho. Ambos felizes e amáveis, sem ciúmes, sem dor. Eu não me esqueci nem um momento quem eu escolhi.
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fica o que não se escreve.