quarta-feira, julho 14, 2010

Reli a 'Carta Anônima' do Fernando Abreu há dois minutos e olha só a surpresa, vi o que tinha escrito e era igualzinho, igualzinho.
Tão transparentes que até parecem de vidro, vidro tão fino que, quando penso mais forte, parece que vai ficar assim clack! e quebrar em cacos, o pensamento que penso de você. (...)
Ai eu grito alto 'desculpa, cainho, desculpa por te roubar as palavras assim tão descaradamente mas você, ah, você... Daria meu dedo mindinho pra sentar naquele boteco bacana em frente ao copacabana palace que estive na semana passada pra falarmos, pra eu poder finalmente dizer o que me entala a garganta e faz tudo descer assim, sem aquela suavidade com qual eu já tinha me acostumado do lado dele. Então eu contaria tudo, principalmente da falta de sentido de que me faço atualmente e perguntaria sobre a certeza, a confiança que eu um dia tive.
'você viu? viu se deixei do lado daquele moço simpático, simpatíssimo, de olhos claros que conheci no ano passado? Ou com aquele que pegava na minha mão de baixo da mesa e fazia questão de só me chamar de 'babe' porque ele era rocker? Rocker gaúcho com até pose e sotaque! Não sei, não sei, mas calma lá, aonde eu estava? Ah sim sim...'
Pararia um segundo e molharia os lábios com a cerveja gelada, encarando a praia. Então resolveríamos sair pra um passeio, eu&cainho, à beira mar molhando os pés na água com os sapatos e a cerveja na mão. Ele riria enquanto eu perguntasse sobre a lógica da minha aflição, apoiando a mão livre no peito e encarando seus olhos fixamente, com pose de jovemadultaquerealmenteacreditanaquilotudo.
Faria mil ligações, tiraria centenas de fotos e lhe escreveria todos os versos ao lado do meu imaginárioamigocaio, e ainda assim, só a Carta Anônima diria exatamente o que está preso dentro de mim.
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fica o que não se escreve.