sábado, novembro 08, 2008
É óbvio demais não discutirmos sobre amor. O amor que sentimos, do nosso jeitinho, aquela coisa brasileira de ser, sem a idealização e os pedidos incandescentes de paixão. Você se escondia atrás da cortina, dançando, mixando as melhores canções que conhecia. Eu adivinhei seu próximo passo; o jogo das mãos. Não que fosse previsível, não que eu te conhecesse. Mas eu te criava, ali mesmo, sentada naquele sofá, eu sabia que você tinha que me fazer rir e tirar deste rosto os olhos tão cansados que só você vê. 'Why so serious?' Why so serious, honey?' A TV dizia e você repetia. 'Nada', eu pensei. Nada mais é sério, ninguém quer lidar com o que só dói. As pessoas querem destruir a si mesmas, querem a glória pelo ato, se deixássemos que a situação tomasse conta, ai não haveria sentido, não é? Deitou no meu colo e imitou um siamês. Lembrei de quando era guria e todo garoto bonito era um gato. Siamês, persa, balinês e bengal. 'Qual é aquela raça pelada, que todo mundo odeia?' 'O quê?', você riu. Era eu me extravasando de novo. Ignorei os gatos em minha mente e resolvi criar barreiras, regras. Coisa que você tanto odeia, mas entenda, querido, sou maníaca-obsessiva-disléxica-e-tenho-fobia-de-inseto. Eu preciso de um controle, entende? Rédeas, alguém pra me dizer até onde posso ir. O James Dean em mim nunca abrochou, e se o fez, morreu de 7 meses. Sou Alvy Singer e nunca vou deixar New York. Sou Melvin Udall só que sem o amigo gay. Sou um monstrinho com mais novecentas e noventa e sete razões pra você descobrir. E quando o fizer, crio mais trinta, e depois mais quarenta e quatro, só pra garantir que você continue aqui, enrolado na cortina mixando suas músicas favoritas e me fazendo sorrir.
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fica o que não se escreve.