quarta-feira, agosto 13, 2008

Ele preparava o fumo como quem não se importava e repetia mentalmente a baboseira que ouvira há poucos segundos atrás. Acreditava ela fielmente que aquilo era fruto seu? Não a julgaria. Afinal, quem poderia culpá-la por nascer nos últimos momentos de sua vida?
- A teoria em si não é importante - disse quando percebeu que não era mais importante que um pedaço de seda. Ela não se ouvia muito bem, pois sua capacidade era seriamente delimitada pela dislexia (ou hipocondria, o que fosse diagnosticado primeiro). Acreditava honestamente, porém, na força dos gestos, do desprezo interpretado. Ainda assim, sua criação indesejada não seria tratada como um filho mal-amado. Não, esta não era uma opção. Ela a honraria, contrariando a matéria-prima da filosofia sobre qual dialogava com tanta benevolência; a inexistência do amor.
- Sua teoria é falha, coração. Chama-se de altruísmo, isso sobre o qual tenta falar. Tentativa fracassada de completar aqueles que merecem. O amor, o verdadeiro amor, só satisfaz os imundos, que o renegam prontamente, e ainda assim, o tem como sombra. Tão porcos e semelhantes, o amor e os imundos.
- E a qual grupo pertence? Você ama ou é amado?
- Eu me comporto como o amor em questão; satisfaço-me com a negação e me enojo com o amar.
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fica o que não se escreve.