'E das palavras? O que foi feito das palavras?' - insisti para mim mesma. 'Eram plástico, eram vento. Vinham como iam, pairaram sem mesmo existir'.
No medo no tempo, segurei-me na imagem de criança-brincando-de-ser-grande e cantarolei, dancei e abracei o melhor humor travestido.
Se não fosse ainda suficiente, tive como muralha a sórdida carne humana, que mais apodrecia do que abrigava. Fui presa fácil, entre os animais que rodeavam, fui central. Mais bomba que sentimento. Mais a surpresa de não-existir do que chorar.
E agora, José? Que palavras de ventos vão me servir de lenço se aqui nem de sombra me faço?
Um monte de teorias, bobas combinações, um senso baldado, porém, ao ouvir-te dizer que tua vida não era muito diferente do circo e que só existiam aberrações belas fez-me mudar e enfim, tirar os dois pés do chão.
Como desfecho, a lua brincou durante o dia, você me olhou e me negou, não uma, mas três vezes. Beijou-me o rosto e abraçou as moedas. E como mágica, você era água dos meus olhos.