começou na infância. desde pequena, insistiam "se olha nos olhos quando conversa e não pra boca! é feio, menina!" não entendia e menos importava. como olhar nos olhos? porque se entregar dessa maneira? logo ela, que não fazia questão de ser.
anos depois, a mania continuou e tudo que os olhos deviam dizer foi pra boca. o verdadeiro sentimento, a malícia, a tristeza. as palavras simplesmente se uniam e tomavam sentido, desnecessário o teatro das mãos e do olhar. olhar que era vago, solitário e incolor.
essa decisão juvenil influenciou-a por toda a vida. não sabia exatamente porque, e pra dizer a verdade, não sabia exatamente o que era.
tornou-se adepta da liberdade individual, cada um por si e que siga bem a vida. jamais abusava das palavras, que lhe eram tão preciosas. tudo era meticulosamente arranjado. dissimulada e ordinária. sentia-se bem tendo amor e ódio nas mesmas porções. (...)