sexta-feira, agosto 02, 2013

- Yo no soy una niña. No soy una niña. No hables conmigo como yo fuera una niña.

Te repeti mil vezes. Beijava minha testa e dizia que mal me conhecia, mas me reconhecia como mulher. Tocava minhas costas habilidosamente, me calava sem dizer mais uma palavra e eu consentia. Quando tudo terminava, me enchia de elogios e me chamava de 'mujer.' 'y que mujer sos'. Eu me irritava, me irritava por saber que as palavras eram a tentativa de me enganar, de me trazer de volta pro mesmo lugar no dia seguinte, ignorando tudo que é bom senso e o (pouco) moralismo que me sobrava. Pensava nisso enquanto amarrava os sapatos e o olhava ressentida. Ele sabia. Ele entendia. Mordia os lábios e olhava pra parede. Ele ganhou o que queria, agora era minha vez. Vez da minha teimosia, da mania de mágoa, de buscar daquilo uma lembrança dolorida pra nunca deixar cicatrizar. Pouco ele sabe que é só assim que consigo me lembrar das pessoas. Essa era minha forma de mostrar que eu, sabendo do erro, estava ali, estava feliz, e que ia voltar. Mas não sem antes dar vazão ao pecado cristão e nos julgar, deixando corroer o rancor.
'O amor só é bom se doer', disse o poetinha vagabundo virado viramundo. E eu acredito nele.

- No pensas que no sé que haces. No soy estupida, sabes?
- Che, yo nunca dije eso. Yo sé que sabes. Yo también lo sé.
- Y?
- Y ya está, bonita. Ya está..
.
.
.
fica o que não se escreve.