domingo, dezembro 05, 2010

Suspiros e pensamentos correm pelo quarto destruído de noites passadas. E soma-se passado nisso, já que há tempos você não volta ao que um dia foi meu conforto. A coragem de trocar os lençóis, porém, sequer surgiu na mente. A água que insiste em correr pela janela refresca só o que não me atinge. Meu corpo continua quente, coberto pelo suor seco que existe há tanto tempo quanto a destruição do quarto, pulsante e esperançoso por uma volta. O dualismo, aquele bom e velho companheiro de guerra, sabe que certas saudades nunca partem porque não poderão jamais ser saciadas ou realizadas. Mas a parte sã continua a iludir a ébria, quiçá por saudade, pela permanência daquela sensação que um dia lhe foi tão bonita. Quiçá crueldade, um motivo para jamais ser feliz por completo e assim, não ficar sem suas tão comuns palavras de escárnio. Ou até mesmo, por somente acreditar que passou, e estar tão loucamente saudosa e crente quanto o corpo, de vontade, de desejo, de paixão.

.
.
.
fica o que não se escreve.