sexta-feira, novembro 27, 2009

As paredes nunca foram tão finas. O mundo de fora confunde-se com o interno; sou exatamente a mesma criatura triste de quando você partiu. Na cama, não te via, mas ouvia seus passos, descendo as escadas, mexendo as chaves no bolso. Olhei para a porta, fechei os olhos e te imaginei voltando. Tão natural você ali, perto de mim, onde pertence. Esfrego meus pés um contra o outro, como faria na realidade. A fome do atrito das peles. Você reconhece e suspira profundo, com ronronar masculino que é só seu. Mas não. As escadas não foram subidas, o toque ainda se concentra somente no bolso, apalpando a chave do carro que te levarão para tão longe de casa; sou exatamente a mesma criatura triste que você acusou de não te amar, antes de partir.
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fica o que não se escreve.