domingo, maio 10, 2009

- Pessoas como nós não procuram amantes; buscamos cúmplices.
Eu encaro essa verdade como uma epifania, um novo lema. Ai então desisto de tudo assim, como quem achasse ridículo desde o início, chamo-lhe de patético e pergunto se suas frases são todas prontas, anotadas num dum diário colorido. Você ri na minha cara e vai embora, finjo que não me importo, acendo um cigarro e faço pose de madame esperando o próximo que nunca vem.
'Start spreading the news' a mulher com o violão canta nessa recém nascida noite quente que só cuiabá faz igual. Só não é pior porque nós aqui sabemos bem aproveitar essa temperatura.
A gente bebe, bebe pra amaciar a carne, acalentar os ânimos e dissolver a verdade.
'tão típico, meu amor, tão típico'.
Com o passar do tempo, 'você é intragável' se transforma em 'até que vai' e 'se fode, seu merda' vira 'entra, meu querido, pode entrar'. A noite se engole e ninguém mais lembra da amargura que só existe durante o dia. Nos reencontramos, como se o passado fosse longínquo e feito apenas de boas histórias. Abraço-lhe, acaricio o rosto enquanto me chama de sua. ‘E se eu fosse?’ ameaço, ‘Então seria minha cúmplice e eu venceria’. Ali, no meio do mundo, a gente vive.
Morre a lua, nasce o sol, e tudo começa outra vez.
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fica o que não se escreve.