quarta-feira, abril 01, 2009

Sair sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Típicos dos gatos, como disse Drummond. Essa liberdade que povo nenhum nunca imaginou e negro nenhum conseguiu. Até porque na arte de ser gato, a liberdade não é característica, é essência.
Mas de tanta vida (conta-se sete ou nove?) o gato finalmente desiste e descansa. Esticado sob o Sol, ronronando no céu felino. Poucos voltam, reencarnam, eu digo. E se voltam, não é como gato, óbvio. Veja lá se existe tanta energia assim. Voltam como mulheres. As boas, sabe? Aquelas que desde o berço já olham com superioridade e na sala de aula seduzem o professor. Muitos não entendem e se confundem, chamam-nas de vacas, cadelas. Não! Não! Mulheres felinas, olhos de preciosidade diluída, corpo delongado, curiosidade explícita na carne. Independência confundida com egoísmo. Nina Simone era uma gata. Anais Nin também. Ana Cristina Cesar e Margot Tenenbaum. Flaubert era uma gata, mas só porque era muito mais Emma do que Gustave (Madam Bovary c'est moi, ele mesmo disse).
Dostoiévski tinha uma queda por elas também. O Idiota está recheado! A Senhora D, Luisiana, Sabina. Musas das artes, vê? Alvos das paixões enlouquecidas e assassinatos passionais.
Quando se cansam, terminam assim, sempre de modo dramático como é tão esperado delas. Então voltam ao Sol, se esticando e ronronando, como só os gatos fazem.
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fica o que não se escreve.