domingo, março 01, 2009
Eu nem me lembro do seu rosto direito, mas lembro da nossa história e que gostei de você, ah, e como eu gostei. Voltar? Você voltar pra cá? Imagina só! Sou moça feita, meu querido. Ganhei roupa-passada, cama quente e duas cervejas toda sexta-feira. Não, nada é de graça, você sabe disso, mas o preço não é alto. Não, eu não te conto qual é. Eu nem preciso te contar, você já sabe, eu sei que sabe. Mas não me faz tanta falta. Ele não é ruim, não senhor. O melhor? Não existe melhor e pior entre vocês dois, estão em competições diferentes. Ele é amor, você é paixão. É claro que tem diferença! Ora, você... você... Por quê você está rindo? Não, não posso te ver, mas posso te ouvir, sei que 'tá rindo. Porque não me leva a sério? Como, ir embora? Embora pra onde? Você já partiu, se esqueceu? Como assim uma vida? Uma vida sem mim? Eu te mandei embora e a culpa é minha? Vá a merda! Tudo é culpa minha, você é realmente uma peça e não, não me venha com 'lá vamos nós de novo', você sabe muito bem que você que escolheu partir. Lembro muito bem, foi depois daquela festa estúpida que você nos fez ir, então você cantou 'babe babe, i love you but i have to go' e então eu cantei 'can't help lovin' that man of mine' por toda a noite sozinha. Sozinha não, eu tinha o gato, você lembra do gato? Morreu, o coitado. A gente ainda jurava que ele tinha tinha três vidas, mas que nada, vai ver ele gastou estas antes de vir pra cá. Uma vida sem a gente. Hmft, que piada, você sabe muito bem que não tem vida ai sem mim. Se eu não tenho vida sem você aqui? É claro que não. Como um... um... qual é a palavra? Um recesso. Pra reabestecer, você exigiu demais de mim, sabe? Não é uma indireta, eu não sei rodear e já disse, você não pode voltar. Porque não? Porque você me deixou, lembra? Eu ainda tenho que lidar com isso, três horas por semana no dr. Augusto Haddad. Sim, aquele mesmo que sua mãe me recomendou. Não, eu não falo com ela desde a última vez que ela entrou na nossa casa para pegar suas roupas, as que você não teve coragem de vir buscar depois que partiu. Tá certo, tá certo, não vou voltar o assunto, não vou e sabe por quê? Por que mais cedo ou mais tarde, nada disso vai fazer diferença. Vamos nos encontrar num lugar qualquer, sentar para um café e rir lembrando de quando fomos um casal, vê? Eu de um casaquinho de couro, lenço no pescoço e com bolsa que eu vi semana passada naquela loja italiana fantástica. Você desarrumado e charmoso como sempre, com aquela camiseta desbotada. Consegue imaginar, hein querido? Alô? Oi?
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fica o que não se escreve.