terça-feira, abril 01, 2008

Dê-me um mistério. Meias palavras, um olhar que me faça pensar diferente. Não nega o que me nutre. Ou nega de uma vez. Não sei ao certo. Estava imaginando o aconteceria se as veias se perdessem, mas o sangue ainda acertasse. Seria tipo "certo em linhas tortas". Todos os caminhos já desenhados seriam percorridos. Porém, eu voltaria, tarde, mas ainda em tempo, e nos encontraríamos, por acaso. Você não me reconheceria de início. Eu tampouco lembraria seu nome, porque nunca lembro o nome. Ainda assim, tomaríamos umas cervejas e acordaríamos na mesma cama, com sorrisos amarelos, sem frescor, Ainda assim, haveria um certo carinho naquele momento incomodo. Te confessaria que pensei nesse momento durante uma temporada que estive fora, logo depois que terminou, e que imaginava por uma necessidade de saber como seria, coisa de humanos, pessoas, sabe? Você, com a mesma postura misteriosa, daria aquele sorriso cheshire e não diria nada novo.
No caminho pra casa, eu finalmente iria enxergar o que eu entendi desde a primeira vez que soube teu nome, mas que fiz tanta questão de esquecer; não me era nada demais.
Ainda lembro de quando ainda te olhava e sentia vontade de lhe beijar e morder queixo, boca, nariz, olhos. Me continha, tentava não pensar no seu jeito de falar, me fazia esquecer o que você dizia baixinho, como era bonito o que não tínhamos. Mas o que era pra ser momentâneo e usado só como disfarce para as platéias, se transformou numa longa verdade, sem deleites.
Resumindo, não se transformou em nada. Morreu, acabou, fin, game over.
Para findar, escrevi uma carta insensível, pedindo pra não ficar magoado, nem sequer dar importância. Era assim que acontecia, era assim que eu era. Ia e vinha, navegava por todo aquele mar sem sentir. Não sei como reagiu, não nos falamos depois desse dia. Mas sem muita dificuldade, posso deduzir seus atos. (você não era lá muito criativo, sabe?).
Sua reação: Recebeu as cartas, e levantou a sobrancelha, como forma mor de orgulho. Podia jurar que estava recheada de palavras doces, e com o mais belo pedido de desculpas. Sentia-se num alto pedestal.
Sempre me perguntei quem diabos te colocou lá, e, por mais que tentasse, não conseguia mudar a minha conclusão de que esse alguém era você mesmo.Abriu o envelope branco, e surpreendeu-se em ver as poucas linhas. Pensou não passar de uma de minhas piadas sem-humor. Nunca entendera meu humor. Leu, releu e se afogou em tantas poucas palavras. Pegou o telefone, largou o telefone. Pegou-o novamente, digitou os números em frenesi. Não acertou sequer os dois primeiros. O sangue subiu, explodiu sobre tudo que já havia sido feito. E por final, concluiu aquilo que já sabia, mas se negava; não era nada demais.
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fica o que não se escreve.