hoje foi um dia inerte. as férias me deixam cada vez mais sedentária.
todas essas músicas clássicas que insistem em tocar.. não são versos tão empoeirados como deveriam, mas serve a ocasião.
não tendo muito no que pensar nesses dias, me lembrei dum mancebo que conheci, que tinha essa maneira ridícula de pronunciar as palavras que continham a letra "s". uma pose de bicha intelectual que atraia toda a atenção. confesso que me iludiu no inicio, mas pelo modo que me pediu fogo, entregou todo o jogo. na primeira oportunidade, lhe proferi todas as asneiras que aprendi, com direito a palavrão, ego e placebos. ele me examinou da cabeça aos pés enquanto pensava bobeiras e pornografia. decidiu, mais tarde, em público, que era sua boneca inflável virgem.
- por que está rindo? - falou alto procurando por uma atenção habitual.
- pelo inflável.. ou pelo virgem mesmo. - falei de uma maneira casual, embora ele saiba que tudo aquilo havia sido metodicamente armado.
a noite foi um espetáculo de horrores. eu por ele, ele por mim. éramos desgastantes separados, e grotescos juntos. quando os sinos tocaram freneticamente, estávamos em seu auto a caminho de casa, olhei para suas mãos no volante, com unhas feitas e cutículas afastadas. era medíocre e letal.
quando chegamos, eu já havia pensado em todas as possibilidades. a que mais martelava era aquela que ele continuaria falando sobre seus noves gatos, até que me fizesse explodir canções do buffalo springfield. para minha surpresa, ele apenas destravou as porta, e disse da forma mais humana "te ligo, pomba”.
atravessei a rua e entrei em casa. basicamente, foi isso sobre o dia e a noite.